sábado, 12 de outubro de 2013

Sobre ter filhos...detalhes que ninguém nos conta antes.

     A mudança começa antes deles chegarem. O nosso corpo muda, os gostos, até o nosso paladar. As noites já não são tão tranquilas, um pezinho que chuta, um cotovelo que empurra as nossas costelas.  Mas tudo isso é apenas o prenúncio do que vai chegar.
     Nos primeiros anos de vida das crianças uma coisa me chamou a atenção, numa época em que eu amava bolsas: a não ser que você tenha uma babá a tiracolo, ou o pai sempre com você, não dá para carregar duas bolsas, a sua e a do bebê!! E ai você escolhe qual? Veste-se toda bonitinha e pega a “bolsona” enorme, com fraldas, lenços umedecidos, comidinhas, paninhos, roupinhas, e naquele cantinho que sobra você guarda sua carteira, e quando lembra, um batonzinho e olhe lá. Bonitinha se o tempo entre um banho e a troca de fralda permitirem. Corre-se o risco também de sair com uma blusa pelo avesso ou com os pés dos sapatos trocados (tenho que confessar que fiz isso uma vez!).
Guardei a prova fotográfica do meu crime, rsrs

     Mas eles vão crescer, a gente pensa. Começam a crescer e os programas de lazer chegam. O primeiro filme no cinema é um acontecimento! Se eles sobreviverem até o fim das quase duas horas, ou você sobreviver às pipocas derramadas e as inúmeras saídas pra fazer xixi. Até porque, às vezes, sair pra fazer xixi no escuro é mais divertido que o filme tão longo para uma criança de 02 anos. Quando você se dá conta, depois de alguns anos, só assistiu aos lançamentos infantis. Tenho que admitir que até os sons de alguns personagens me irritavam depois de uma overdose de cinema pra criança (é isso que dá morar longe dos avós e tios como eu...).
     E as grandes brinquedotecas das cidades, aquelas em que você entra junto com a criança? Não esqueço nunca o dia em que prometi nunca mais entrar num espaço daqueles na vida. O congestionamento de crianças, babás e pais (muitas mães saiam pra se esbaldar nas compras) era tão grande,que meu pé saiu dolorido de tantos pisões. E as disputas entre crianças, muitas vezes com intervenções dos pais querendo a todo custo que o filho ficasse com o brinquedo tão desejado?? E já repararam no olhar das meninas que trabalham nesses espaços? Tudo o que parece que muitas delas desejam é estar há milhares de quilômetros de qualquer ser com menos de um metro de altura.
     
     Se você quer conhecer um ser que tem crianças no seu entorno, entre no carro do dito-cujo, haverá sempre uma prova das crias por ali. Um resto de salgadinho caído num canto, um chicletes escondido onde você menos espera, um brinquedo ou uma meia. E as manchas características, por mais que a gente tente limpar (tenho prometido que se for comprar carro usado nunca vou comprar de quem tem criança, rs). Os restos, mesmo que microscópicos restos daquelas coisas que a gente aprende a não ter mais nojo depois que tem filhos (que criança nunca teve um vazamento de um cocô de dor de barriga, ou vomitou na subida da serra, ou espirrou mais forte com catarro para todo lado?).
     A gente também aprende a lidar com planos frustrados e não se achar entendedor de mais nada depois que tem filhos. Não esqueço a minha “sabedoria materna em tirar fraldas de super mãe que já estava no segundo filho”  toda indo por terra. Com a mais velha, com um ano e meio a fralda do dia foi tirada, e logo em seguida a fralda da noite, e nunca houve um problema, e no máximo uns 3 xixis na cama. Eu me senti a mãe maravilha! Viram como sou competente?
     Mas o Pedro veio para mostrar que não era eu, era ela a competente, rsrs. Que dificuldade, com dois anos e tanto, a luta pra tirar a fralda do dia (nem se fale a da noite).
     E chega o dia histórico do meu fracasso. Tiro a fralda, coloco o Pedro todo limpinho dentro do cercado e peço pra Bia: dá uma olhadinha nele que vou terminar de me trocar. Horário corrido, indo trabalhar, crianças indo pra escola, dia sem empregada e sem marido em casa... Quando chego no cercadinho, o caos! Sabe aquela história de cocô no ventilador? Só podia ser isso porque só não tinha cocô nos brancos dos olhos dele...
     Decreto meu fracasso meio a contragosto, dou um banho nele (e em mim também depois do árduo trabalho de descontaminação). E coloco a fralda de novo: “Não está pronto pra isso”... ou eu não estava pronta para lidar com isso. E levamos mais alguns meses pra que a coisa funcionasse.




     E o capítulo das coisas não identificadas que são comidas por eles?? Esses dias uma amiga se desesperou no face com a chocante descoberta do filhote comendo com gosto o osso do cachorro. Ração de cachorro colorida é quitute que os pequenos adoram. Eu mesma me lembro de comer uns “tatu-bolas” quando criança, só não lembro a reação da minha mãe. Mas a pior de todas foi a do meu sobrinho, sem citar nomes senão ele pode me processar, rs. Minha irmã chega já pronta para trocar fraldas pelo cheirinho que sentiu, procura o cheiro no lugar certo mas ele não vem dali... Já entenderam o que ele tinha comido, não é mesmo?
     
     Se você tem um filho de menos de dois anos deve achar que é a melhor mãe nutricionista do mundo. Sinto dizer, eles amam até jiló nessa fase, todos eles, com raras exceções. Mas a coisa muda, e a luta diária contra os brigadeiros, cheetos e coca-colas  vai ser nossa companheira até que eles entrem numa academia e queiram cuidar da saúde sozinhos... ou não.



     E as nossas lindas coisas, que eram MINHAS-SÓ-MINHAS são outro capítulo a parte. Chegar ao banheiro e ver seu creme importado transformado junto com aquele shampoo caro, comprado em prestações, na poção mágica da princesa, requer um controle enorme e a repetição de certo mantra milhões de vezes antes de se encontrar face a face com o filhote: filhos-são- mais –importantes-que coisas, filhos-são- mais –importantes-que coisas, filhos-são- mais –importantes-que coisas ( mas ainda em dúvida se isso é verdade, porque a raiva é maior, rs). 
     O brinco novo comprado para o casamento encontrado quebrado porque foi usado no baile das bonecas, ou o batom da MAC esmagado para poder ser usado como giz de cera (essas são algumas, apenas algumas das histórias que aconteceram comigo, vocês devem ter muuuitas outras histórias pra contar).
     
     Quando eu insisto em dizer, que ter filhos é o maior treinamento que existe de saída do próprio EU, treinamento de guerra anti-narcisismo, hedonismo, egoísmos, e muitos outros ismos dá pra discordar?? 

     Não sei como alguns de nós ainda, depois dessa escola da vida pra ensinar sobre a vida, consegue continuar a se preocupar mais com os próprios umbigos...


7 comentários:

  1. Debora de Souza Machado13 de outubro de 2013 às 14:03

    Rindo muito amiga!!! Bem assim que acontece!! Fora ir ao banheiro desesperada e ter de ficar com o filho no colo, ou no bebe conforto, tomando banho e fazendo mil e uma caretas e peripécias para ele não berrar!!! Já tomei banho com meu filho no colo!!! Fora chegar em casa com a tal bolsa, carrinho, manta, cobertor, sacolas do mercadinho e seja lá mais oque for e dar uma de super heroína! Tirar tudo de uma vez e ainda subir as escadas com ele e as dez mil e uma coisas juntas!! Cansei de fazer isso, achando que ia conseguir descansar mais!!rsrsrsr até parece!! Os filhos veêm pra ensinar a gente a amar alguém além de nós mesmas! Grande beijo!

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    1. É minha amiga, todo mundo tem histórias engraçadas e reais não é mesmo!! Acho que esse tipo de post vai render, o perigo é quem não tem filho ficar com medo de encarar, rsrs. Bjss

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  2. Ahahaha... muito bom!
    A bolsa é a primeira coisa que se vai assim que eles nascem né?
    O meu corpo não mudou muito durante a gestação, a não ser a barriga e também alguns dias antes do Théo nascer que a boca parecia a da Angelina Jolie kkkkk.
    Hoje em dia não uso mais bolsas, só mesmo separo um cantinho pra carteira e batom. Sem contar que no carro também tem outro batom, e uma escova de cabelo (pq as vezes desço as escadas com o cabelo bagunçado ainda). Estou pensando em colocar também uma escova de dente e água para agilizar também o processo de sair de casa kkkk.
    É muita coisa e muita mudança, mas é também se transformar numa outra pessoa. É saber que você nunca foi tão feliz na vida, que qualquer felicidade antes não se compara a felicidade de formar uma família.

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    1. Ainda bem que mesmo com tudo isso tem gente linda como você levando a maternidade tão a sério Karla!! Eu sempre falo, é a atribuição mais importante que a gente pode receber por aqui, mais do que qualquer outra e a mais desafiadora, não? Seu filhote é muuuito lindo!!! Bjs

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    2. Que bom Silvana, é verdade.. levo a sério mesmo. Meu sonho desde sempre, e graças a Deus realizei e tenho o Théo que é a melhor coisinha na minha vida e com certeza é a mais desafiadora. Nenhum dia é igual o outro, e a gente nunca sabe o que nos espera ehehe.. é viver cheia de emoção sempre..!
      Um super beijo nosso!

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  3. Silvana, nem me fale!! A Giovana foi um bebê muito tranquilo, não tenho do que me queixar. Mas a época em que ela estava desfraldando deve ter sido um marco traumático nas memórias dela. Imagina, eu com 22 anos, no sexto período da faculdade. Eu arrumava primeiro ela todinha e depois me arrumava. Tudo na maior pressa pois tinha aula na faculdade (estudava e dava aula lá), muitas vezes estava com prova marcada... E na hora de sair, o quadro: Giovana, limpa e penteada; eu limpa e despenteada (!) segurando as bolsas com material, a bolsa da creche da Gigi e a própria em uma das mãos. Ao abrir a porta... Xixi no chão. Eu olhava o relógio, soltava INÚMERO PALAVRÕES (eu sou uma mãe horrível e desbocada) e lá ia eu na área procurar pano de chão, secar a Giovana, procurar roupa nas cores da creche (era uma exigência) e sair de casa atrasada, despenteada com o bônus de estar suada e esbaforida. Isso acontecia quase todo dia. Era incrível! Eu acha que ela já fazia xixi de nervoso por medo do meu chilique.... kkkkk E não adiantava colocá-la para fazer xixi antes. Era o tempo de eu trocar de roupa pegar as bolsas e ao abrir a porta, lá estava a pocinha no chão. Olha, que sufoco!!!! E depois eu ia no ônibus chorando de remorso por ter gritado barbaridades para uma criança de 2 anos só por causa de um xixi, mas vá viver isso todo dia com a responsabilidade de "ter que terminar os estudos porque vc é mãe solteira". Aff... O almoço tb é um evento. A Gi come bem, mas leva uma hora para dar conta de uma refeição. Como ela tem que sair de casa cedo pelo transporte, começa a almoçar às 9:50 da manhã... Nunca vi tanta enrolação!!!! Essas coisas, vivenciadas diariamente, acabam com o sossego dos envolvidos... Quando vejo gente querendo ter filhos, me dá vontade de perguntar: "tem certeza? Vc não sabe no que vai se meter." Eu não penso mais em ter filhos e tenho minhas duvidas quanto a excelência da minha maternidade. Mas será que alguém tem certezas? rs

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    1. Ai Mari, eu imagino seu sufoco!! Se mais velha e num outro contexto já não é fácil, imagino suas cobranças pessoais e dos outros.
      Mas toda mãe tem seus "xiliques", e criança nenhuma vai ter problemas por isso, entendo completamente os da minha mãe. É só a gente ter filhos que entende o lado das outras mães também. Nunca esqueço um dia que fiquei tão brava com as crianças que o Pedro virou para mim, lá com seus 3 aninhos e soltou a pérola: "mãe, você está de dar medo!". Foi um balde de água fria, um soco no estômago . Depois de me acalmar fui até eles e pedi desculpas porque havia me excedido na bronca e o sorriso voltou no rosto de todos.
      Mas você tem razão em dizer que é difícil, muito difícil e realmente as pessoas tem que pensar muito bem antes de encarar essa responsabilidade pra vida toda não? Vejo muita gente querendo ter filho assim como quer ir pra Disney, rsrs. Bjs

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